terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Para o Resto de Nossas Vidas

Para o resto de nossas vidas.
Existem coisas pequenas e grandes, coisas que levaremos para o resto de nossas vidas.
Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas, depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou.
Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência em algum instante.
Provavelmente iremos pela a vida a fora colecionando essas coisas, colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante.
Cada momento que interferiu nos nossos dias, que deixou marcas, cada instante que foi cravado no nosso peito como uma tatuagem.
Marcas, isso... Serão marcas, umas mais profundas, outras superficiais porém com algum significado também.
Guardaremos dentro de nós e que se contarmos para terceiros talvez não tenha a menor importância, pois só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los.
Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta, um e-mail, uma viagem, uma frase que alguém tenha nos dito num momento certo.
Poderá ser um raiar de sol, um buquê de flores que se recebeu, um cartão de natal, uma palavra amiga num momento preciso.
Talvez venha a ser um sentimento que foi abandonado, uma decepção, a perda de alguém querido, um certo encontro casual, um desencontro proposital.
Quem sabe uma amizade incomparável, um sonho que foi alcançado após muita luta, um que deixou de existir por puro fracasso.
Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo.
Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós.
Umas porque dedicaram um carinho enorme, outras porque foram o objeto do nosso amor, ainda outras por terem nos magoado profundamente.
Quem sabe haverão algumas que deixarão marcas profundas por terem sido tão rápidas em nossas vidas e terem conseguido ainda assim plantar dentro de nós tanta coisa boa.
Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida que tivemos, a quantidade de marcas que conseguimos carregar conosco e a riqueza que cada uma delas guardou dentro de si.
Bem lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a nossa vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias ou tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou realidades.
Pensem sempre que hoje é só o começo de tudo, que se houver algo errado ainda está em tempo de ser mudado e que o resto de nossas vidas de certa forma ainda está em nossas mãos.

Ponderação

Diante do mal quantas vezes!...
Censuramos o próximo...
Desertamos do testemunho da paciência...
Criticamos sem pensar...
Abandonamos companheiros infelizes à própria sorte...
Esquecemos a solidariedade...
Fugimos ao dever de servir...
Abraçamos o azedume...
Queixamo-nos uns dos outros...
Perdemos tempo em lamentações...
Deixamos o campo das próprias obrigações...
Avinagramos o coração...
Desmandamo-nos na conduta...
Agravamos problemas...
Aumentamos o próprios débitos...
Complicamos situações...
Esquecemos a prece...
Desacreditamos a fraternidade...
E, às vezes, olvidamos até mesmo a fé viva em Deus...
Entretanto a fórmula da vitória sobre o mal ainda e sempre é aquela senha de Jesus:
AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI!!...

BEZERRA DE MENEZES

A LENDA DA CÁRIDADE

Diz interessante lenda do Plano Espiritual que, a princípio, no mundo se espalham milhares de grupos humanos, nas extensas povoações da Terra.

O Senhor endereçava incessantes mensagens de paz e bondade às criaturas, entretanto, a maioria de desgarrou no egoísmo e no orgulho.

A crueldade agravava-se, o ódio explodia...

Diligenciando solução ao problema, o Celeste Amigo chamou o Anjo Justiça que entrou, em campo e, de imediato, inventou o sofrimento.

Os culpados passaram a resgatar, os próprios delitos, a preço de enormes padecimentos.

O Senhor aprovou os métodos da Justiça que reconheceu indispensáveis ao equilíbrio da Lei, no entanto, desejava encontrar um caminho menos espinhoso para a transformação dos espíritos sediados na Terra, já que a dor deixava comumente um rescaldo de angústia a gerar novos e pesados conflitos.

O Divino Companheiro solicitou concurso ao Anjo Verdade que estabeleceu, para logo, os princípios da advertência.

Tribunas foram erguidas, por toda parte, e os estudiosos do relacionamento humano começaram a pregar sobre os efeitos doma ledo bem, compelindo os ouvintes à aceitação da realidade.

Ainda assim, conquanto a excelência das lições propagadas repontavam dúvidas em torno dos ensinamentos de virtude, suscitando atrasos altamente prejudiciais aos mecanismos da elevação espiritual.

O Senhor apoiou a execução dos planos ideados pelo Anjo da Verdade, observando que as multidões terrestres não deveriam viver ignorando o próprio destino.

No entanto, a compadecer-se dos homens que necessitavam reforma íntima sem saberem disso, solicitou cooperação do Anjo do Amor, à busca de algum recurso que facilitasse a jornada dos seus tutelados para os Cimos da Vida.

O novo emissário criou a caridade e iniciou-se profunda transubstanciação de valores.

Nem todas as criaturas lhe admitiam o convite e permaneciam, na retaguarda, matriculados ns tarefas da Justiça e da Verdade, das quais hauriam a mudança benemérita, em mais longo prazo, mas todas aquelas criaturas que lhe atenderam as petições, passaram a ver e auxiliar doentes p obsessos, paralíticos e mutilados, cegos e infelizes, os largados à rua e os sem ninguém.

O contato recíproco gerou precioso câmbio espiritual.

Quantos conduziam alimento e agasalho, carinho e remédio para os companheiros infortunados recebiam deles, em troca, os dons da paciência e da compreensão, da tolerância e da humildade e, sem maiores obstáculos, descobriram a estrada para a convivência com os Céus.

O Senhor louvou a caridade, nela reconhecendo o mais importante processo de orientação e sublimação, a benefício de quantos usufruem a escola da Terra.

Desde então, funcionam, no mundo, o sofrimento, podando as arestas dos companheiros revoltados: a doutrinação informando aos espíritos indecisos quanto às melhores sendas de ascensão às Bênçãos Divinas; e a caridade iluminando a quantos consagram ao amor pelos semelhantes, redimindo sentimentos e elevando almas, porque, acima de todas as forças que renovam os rumos da criatura, nos caminhos, humanos, a caridade é a mais vigorosa, perante Deus, porque é a única que atravessa as barreiras da inteligência e alcança os domínios do coração.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

CIRURGIAS ESPIRITUAIS

Lembrando que nos dias 27, 28 e 29 de fevereiro de 2012, João Berbel no GEAME, realizando as cirurgias espirituais! A partir das 14 horas começa a distribuição de senhas.




Seminário Medicina do Além, com o médium João Berbel.

Com grande felicidade podemos contar com quase 500 pessoas no Seminário Medicina do Além, com o nosso querido amigo João Berbel






O Caminho da Reforma Íntima

“Reconhece-se o verdadeiro espírita por sua transformação moral e pelo esforço que faz em domar as más inclinações”. Allan Kardec

1. Por que este tema?
Nas palestras espíritas o tema Reforma Íntima é muito comum. Talvez por conta da colocação de Kardec no trecho acima, do capítulo XVII de seu livro “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em que define espírita como aquele que se esforça no domínio das más inclinações, com o objetivo da reforma interior.

Observemos a importância de o codificador afirmar que o espírita não é simplesmente aquele que frenquenta o Centro Espírita, que faz prece antes de dormir, que realiza palestras, que aplica passes ou participa de uma mesa mediúnica. Tal frase retira absolutamente a possibilidade de alguém cogitar ser “espírita não praticante”, como já ouvi falarem alguns que estão longe de saber o que é ser espírita.

Está cheio de gente que simpatiza com as idéias espíritas e afirma-se espírita, sem sê-lo. E freqüentadores de centros espíritas que pensam ser espíritas porque participam de um ou outro grupo de estudo das obras básicas do espiritismo.

Também há gente que, com delicada hipocrisia, após anos de imersão nos movimentos espiritistas, diz que não é espírita para ficar bem na fita, uma vez que não atingiu a perfeição. Dizem: “Estou tentando ser espírita”. Como se ser espírita fosse ser perfeito!

Não, espírita é aquele que se esforça na Reforma Íntima, informa Kardec. Seu esforço é que o caracteriza. Não o cumprimento de um certo sistema fechado com manual de normas e procedimentos.

Isto porque o espiritismo não é uma religião propriamente dita, não possui dogmas, rituais, sacramentos. É uma doutrina de tríplice aspecto, filosofia, ciência, religião.

Em seu aspecto científico, nasceu do espírito investigativo, possui método, compara resultados. Assim foi escrito o primeiro livro espírita: “O Livro dos Espíritos”.

Em seu aspecto filosófico trata de questões existenciais e metafísicas, de uma maneira racional, coerente, lógica. Investiga o porquê da vida, da dor, a morte e o depois da morte, enfim, o de onde viemos e para onde vamos.

Em seu viés religioso nasceu da revelação divina, mas não por um único médium, e não de uma só fonte. Não, o espiritismo foi o resultado das informações de vários espíritos, obtidas por diversos médiuns, comparadas, analisadas, avaliadas em seu conteúdo por um grupo de estudiosos, dentre os quais sobressai Kardec! E mais: de todas as verdades reveladas, conclui-se que o motivo pelo qual estamos neste mundo é desenvolver nosso potencial de espíritos criados por Deus, fadados à felicidade. Praticar o bem é estar de acordo com as leis divinas. Jesus é o nosso modelo. E o desenvolvimento do potencial divino se dá pela Reforma Íntima.

2. O que é Reforma Íntima.
Reforma Íntima, este esforço no domínio das más inclinações é, na essência, inicialmente, uma mudança na maneira de ver as coisas. Uma mudança de paradigmas. Paradigmas são lentes pelas quais enxergamos o mundo, os seres, as pessoas, os acontecimentos.

Como mudança paradigmática, acontece interiormente, na intimidade do coração. Não é, necessariamente, uma transformação notória. É paulatina e seus resultados se apresentam apenas depois de algum tempo.

Quando a maioria de nós entra em contato com o espiritismo, imediatamente realiza, natural e espontaneamente, uma mudança interior. Porque muda sua visão de Deus, do homem, da existência. Por exemplo, passa a acreditar não apenas na vida após a morte, mas na vida antes da vida! Quando olha uma criança que nasce, reconhece que ali está um Espírito, com uma história, com um passado a ser expiado, e com uma tarefa a ser realizada!

3. O começo da Reforma Íntima
Enfim, mudar a maneira de ver a vida é começar a Reforma Íntima. Mas, foi apenas um passo no sentido do crescimento. É preciso mais! É possível ter modificado automaticamente, pela aquisição do novo conhecimento, a visão de mundo que se possuía. Mas isso não é tudo.

Agora, enxerga-se a realidade de um novo ângulo. Mesmo assim, permanecem os condicionamentos antigos, hábitos, vícios, que se mantêm apesar da mudança e requerem esforço para a total transformação. Por isso, Kardec fala, além da transformação moral (plano da idéia), do “esforço” em domar as más inclinações (plano da ação).

4. A recusa em fazer a Reforma Íntima
Na verdade, pelo fato de haver nascido, independente de conhecer ou não espiritismo, todo mundo vai realizar a Reforma Íntima. Foi para isso que encarnamos. A vida nos lança convites para realizá-la de maneira consciente. O espiritismo é um destes convites. Mas podia ser o catolicismo, o protestantismo, o budismo, o hinduísmo, e podia até ser uma filosofia, uma escola não religiosa, um compromisso ético, até mesmo uma escolha profissional, a nos propor mudar conscientemente para melhor.

Entretanto, somos livres para aceitar ou não o convite. Em não aceitando, não importa, a vida nos colocará em situações que nos obrigarão a realizar a Reforma Íntima. É o caso de algumas doenças, perdas, separações.

Não parece a aplicação daquela parábola do convite para o festim das bodas, que Jesus ensinou? Um rei convida muitos para as bodas do filho, mas nenhum dos convidados aceita; ele convida de novo, e alguns chegam a matar os enviados que levam os convites. Enfim, o rei convida mais pessoas e manda destruir os que recusaram o convite.

Pois bem, esta a vida. Um eterno convite à mudança. Se não por bem, por mal. E assim, por conta das circunstâncias adversas a gente vai mudando, mudando e, consequentemente, amadurecendo. Alguns passam ainda pela amargura, pela descrença, a revolta, a desesperança. Vão ao fundo do poço. Mas um dia saem de lá, pois há uma eternidade esperando-os. Uma festa de bodas. O casamento de nossas polaridades, o equilíbrio, o caminho do meio. Cedo ou tarde todos nos “iluminamos”. Todos realizamos a Reforma Íntima!

5. A continuação da Reforma Íntima
Mas, acreditando que prefiramos mudar pelo amor, sem precisar doer tanto, o que deve ser feito? Se aceitamos o convite para as bodas, como devemos nos vestir? Na parábola, os conviaddos chegam e a festa acontece, mas quem não está com a veste adequada é expulso.

Na prática, significa que não basta aquele primeiro momento, da mudança paradigmática. É preciso ir além. Vestir a veste, ou seja, viver de acordo com a nova visão de mundo. Viver congruente com sua crença, no nosso caso, com os princípios espíritas. Estar de acordo com a ocasião, como sugere Jesus no seu ensinamento.

E uma vida de acordo com o espiritismo é idêntica a uma vida cristã. Uma vida pautada no bem, na caridade, no perdão, da tolerância, na compreensão, no estudo etc. Como se deduz desta lista de virtudes, não é fácil. Mas o que vale é o esforço!Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 919-a, Santo Agostinho nos dá um passo-a-passo interessante, como sugestão para auxiliar a Reforma Íntima, que podemos sintetizar da seguinte maneira:

1. Pedindo ajuda a Deus ou seu Anjo Guardião, reveja diariamente o que fez.
É uma prática fácil de ser realizada. Podemos fazer como sugere Agostinho, antes de dormir. Creio que sentado seja melhor, para evitar o sono. Pode-se inclusive anotar. Algumas pessoas fazem diários. Não precisa anotar tudo, mas o que se destacou naquele dia. Quando diz que é preciso pedir ajuda a Deus ou ao Anjo Guardião, Agostinho sugere que este deve ser um processo profundo, solitário, concentrado.

2. Pergunte a si mesmo se deu motivo para queixas.
Esta parte é interessantíssima. É o processo de conscientização. Não um simples registro do que fiz, mas dos efeitos do que fiz, do alcance de minhas ações.

3. Pergunte a si mesmo os reais motivos de suas ações.
Por vezes vou reconhecer que dei motivos para queixas, mas não significa que agi mal. É hora de refletir sobre as reais intenções. O que havia por detrás do meu gesto. Frequentemente encombrimos nossas ações reprováveis com boas intenções. Dizemos, por exemplo: “Fui duro com minha esposa, disse-lhe palavras duars, mas para seu próprio bem. Ela precisava ouvir isso de alguém que realmente se preocupa com ela!” Pode até ser que a boa intenção exista, mas uma investigação profunda, sincera e corajosa (é preciso coragem para ser sincero!) vai revelar se, por trás desta boa vontade, não existia o desejo de ferir, de vingar-se. É por este desejo inconsciente que, muitas vezes, os outros não recebem bem nossas “boas intenções”. Nossa boca pode não falar, mas o fluido que movemos chega até o outro insuflando a revolta e a reação violenta.

4. Pergunte a si mesmo se censuraria no outro o que fez, ou se fez algo que não ousaria confessar.
Eis uma excelente dica! Desta forma vamos ter uma idéia mais clara de nossas atitudes e prevenir escorregões em velhos padrões de comportamento.

5. Reflita se você morresse hoje, que pendências deixaria, o que teria a temer.
Don Juan, xamã das obras de Carlos Castañeda, chama isso de tomar a morte como conselheira. Trata-se de uma excelente forma de tomar consciência de como se está vivendo. De procurar questões inacabadas para resolvê-las quanto antes e não atravessar os umbrais do Além com o coração oprimido por remorsos. A tranquilidade nasce da consciência do dever cumprido.

Estas as orientações de Agostinho, via mediúnica, para quem deseja continuar seu processo de Reforma Íntima de maneira consciente e aproveitar melhor a vida. Mas ninguém se iluda, jamais poderá afirmar que fez a Reforma Íntima, conjugando o verbo no passado, pois este é um processo que jamais termina, visto que sempre há algo a melhorar. Este é mesmo o ritmo da vida, a mudança constante, na linguagem budista: a impermanência. Estagnação seria morte e sabemos que morte não existe. O que existe é transformação!

Então, que todos vivam em paz, mudando sempre!

CURA MORAL DOS ENCARNADOS

REVISTA ESPÍRITA - JULHO 1865

Questões e Problemas
CURA MORAL DOS ENCARNADOS

Muitas vezes vemos Espíritos de natureza má cederem muito prontamente sob a influência da moralização e se melhorarem. Podemos agir do mesmo modo sobre os encarnados, mais com muito mais trabalho.
Por que a educação moral dos Espíritos desencarnados é mais fácil que a dos encarnados?

Esta pergunta foi motivada pelo seguinte fato. Um rapaz, cego há doze anos, tinha sido recolhido por um espírita devotado, empenhado em curá-lo pelo magnetismo, pois os Espíritos haviam dito que a cura era possível. Mas o rapaz, em vez de se mostrar reconhecido pela bondade de que era objeto, e sem a qual teria ficado sem asilo e sem pão, só teve ingratidão e mau procedimento, dando provas do pior caráter.
Consultado a respeito, respondeu o Espírito São Luís:

“Como muitos outros, esse jovem é punido por onde pecou e suporta a pena de sua má conduta. Sua enfermidade não é incurável, e uma magnetização espiritual, praticada com zelo, devotamento e perseverança, certamente teria êxito, auxiliada por um tratamento médico destinado a corrigir seu sangue viciado. Já haveria uma sensível melhora em sua visão, que ainda não está completamente extinta, se os maus fluidos de que está cercado e saturado não opusessem um obstáculo à penetração dos bons fluidos que, de certo modo, são repelidos. No estado em que se encontra, a ação agnética será impotente, enquanto não se desembaraçar, por sua vontade e sua melhoria, desses fluidos perniciosos. 

“É, pois, uma cura moral que se deve obter, antes de buscar a cura física. Só um retorno sério sobre si mesmo poderá tornar eficazes os cuidados de seu magnetizador, que os Espíritos bons se desvelarão em secundar. Caso contrário, deve-se esperar que perca o pouco de luz que lhe resta e que sofra novas e mais
terríveis provações. 

“Agi, pois, sobre ele como fazeis com os Espíritos maus desencarnados, que quereis reconduzir ao bem. Ele não está sob a ação de uma obsessão: é sua natureza que é má e, além disso, perverteu-se no meio onde viveu. Os Espíritos maus que o assediam só são atraídos pela similitude existente entre eles; à medida que se melhorar, eles se afastarão. Só então a ação magnética terá toda a sua eficácia. Dai-lhe conselhos; explicai-lhe sua posição; que várias pessoas sinceras se unam em pensamento para orar, a fim de atrair para ele influências salutares. Se as aproveitar, não tardará a lhes experimentar os bons efeitos, pois será e compensado por um mais sensível na sua posição.”

Esta instrução nos revela um fato importante, o do obstáculo oposto pelo estado moral, em certos casos, à cura dos males físicos. A explicação acima é de uma lógica incontestável, mas não poderia ser compreendida pelos que só vêem em toda parte a ação exclusiva da matéria. No caso em tela, a cura moral do paciente encontrou sérias dificuldades; foi o que motivou a pergunta acima, proposta na Sociedade Espírita de Paris.
Foram obtidas seis respostas, todas concordando perfeitamente entre si. Citaremos apenas duas, para evitar repetições inúteis. Escolhemos aquelas em que a questão é tratada com mais desenvolvimento. 

I
Como o Espírito desencarnado vê manifestamente o que se passa e os exemplos terríveis da vida, compreende com tanto mais rapidez o que o estimula a crer ou a fazer. Esta a razão por que não é raro vermos Espíritos desencarnados dissertarem sabiamente sobre questões que, em vida, estavam longe de os comover.

A adversidade amadurece o pensamento. Esta expressão é verdadeira sobretudo para os Espíritos desencarnados, que vêem de perto as conseqüências de sua vida passada. A negligência e o preconceito, ao contrário, triunfam nos Espíritos encarnados; as seduções da vida e, mesmo, os seus desenganos, dão-lhes uma misantropia ou uma completa indiferença pelos homens e pelas coisas divinas. A carne lhes faz esquecer o Espírito; uns, essencialmente honestos, fazem o bem evitando o mal, por amor do bem, mas a vida de sua alma é quase nula; outros, ao contrário, consideram a vida como uma comédia e esquecem seu papel de homens; outros, enfim, completamente embrutecidos e no último degrau da espécie humana, nada vendo  além, não pressentindo mesmo nada, entregam-se, como animais, aos crimes bárbaros e esquecem sua origem.

Assim, uns e outros, pela própria vida, são arrastados, ao passo que os Espíritos desencarnados vêem, escutam e se arrependem com mais boa vontade.
Lamennais (Médium: Sr. A. Didier)

II
Quantos problemas e questões a resolver antes que seja realizada a transformação humanitária conforme as idéias espíritas! a da educação dos Espíritos encarnados, do ponto de vista moral, está neste número. Os desencarnados estão desembaraçados dos laços da carne e não mais lhe sofrem as condições inferiores, ao passo que os homens, acorrentados numa matéria imperiosa do ponto de vista pessoal, se deixam arrastar pelo estado das provas no qual estão mergulhados. É em razão da diferença entre as diversas situações que se deve atribuir a dificuldade que experimentam os Espíritos iniciadores e os homens encarregados de melhorarem rapidamente e em algumas semanas, as criaturas que lhes são confiadas. 
Os Espíritos, ao contrário, aos quais a matéria já não opõe suas leis, nem mais fornece meios de satisfazer seus maus apetites e que, por conseguinte, não têm mais desejos insaciáveis, são mais aptos a aceitar os conselhos que lhes são dados. Talvez respondam com esta pergunta, que tem sua importância: Por que não ouvem os conselhos de seus guias do espaço e esperam os ensinamentos dos homens?
Porque é necessário que os dois mundos, visível e invisível, reajam um sobre o outro e que a ação dos humanos seja útil aos que viveram, como a ação da maior parte destes é benéfica aos que vivem entre vós. É uma dupla corrente, uma dupla ação, igualmente satisfatória para esses dois mundos, que estão unidos por tantos laços.
Eis o que julgo dever responder à pergunta levantada por vosso presidente. 
Erasto (Médium: Sr. d’Ambel)

Só sei que nada sei